pinturas

Sonhos
Escuro, silêncio
fecho os olhos, solto os olhos
vou pra trás
abro pros dentros
um infinito me inunda
Sônia, Sônia, quem é Sônia? quem a sonha?
rêve
rave que me vela e revela
numinoso...
núnimos não só meus
não estou só nesse trançado
nos buracos do inconsciente, o mistério é mais embaixo
no fundo desse oceano
vejo o que os jornais vão trazer
obras que outros artistas farão
filmes que ainda não
vejo vejo e respiro
Jung já sabia, os xamãs também
hora de dormir é tempo de acordar
Dessa janela d’onde escuridão é luz
Desperto em filme
me projeto em outra tela
[cinema é noite em mim, pintura é aurora]
agora
transbordo
à tona, os tons
o pincel me leva
as cores gritam baixinho seu lugar
serva, sirvo
sorvo a experiência de fazer diferença
pondo em acordo a memória e o agora
imagem e matéria
me mãonifesto
estou em festa!
sonhar é puro devir
nos sonhos somos o animal completo
na arte também

Chão
​

dos restos
Começou como um exercÃcio: ao final de um dia de atelier, usar a tinta que resta na paleta sobre pedaços de papelão. Despretensão; ausência de metas, compromissos ou expectativa de resultados. O que resta, de material e de energia. Eis que algo surge. Eles. Os que restent. Que nos habitam e se manifestam.